Mais dois casos de aborto provocados pelo Cytotec no Tarrafal
- Categoria: Sample Data-Articles
- Publicado em:
- Visitas: 74062
Uma jovem de 21 anos deu entrada na Delegacia do Tarrafal, Santiago, na madrugada desta quarta-feira, 10, com um sangramento severo depois de fazer um aborto recorrendo ao Cytotec. Há cerca de uma semana, o mesmo aconteceu a uma outra mulher natural da Cidade da Praia.
A jovem de 21 anos teve que ser evacuada para o Hospital Regional Santiago Norte porque não foi possível estancar o sangramento. A mulher chegou ao HRSN ainda com o feto na barriga.
Além deste caso, há cerca de uma semana uma outra jovem, natural da Praia, terá dado entrada na Delegacia de Saúde do Tarrafal depois de ter usado o Cytotec para fazer aborto de uma gravidez de três meses de gestação. Só que o efeito do medicamento provocou-lhe uma hemorragia e teve que ser levada para o hospital, onde esteve internada quatro dias. Após a expulsão do feto, a mulher teve alta e foi para casa.
Este é o segundo caso de aborto por Cytotec registado pela Delegacia de Saúde do Tarrafal na mesma semana. No ano passado, os dados desta unidade de Saúde revelam que dos sete bebés que morreram (nados mortos ou que faleceram após o nascimento), quatro foram provocados pelo medicamento abortivo.
Mas as autoridades sanitárias entendem que esse número é de longe maior uma vez que, na maioria dos casos, as mulheres não procuram aos centros de saúde por medo de serem denunciadas às autoridades. Tratando-se de um crime de homicídio, os médicos são obrigados a denunciar as mulheres que praticam este método abortivo. Em Cabo Verde, a interrupção voluntária da gravidez só é legal até às 12 semanas de gestação e tem que ser praticada numa unidade de saúde.
O delegado de Saúde daquele concelho, Rómulo Delgado, mostra-se preocupado não só com a “irresponsabilidade” de quem recorre a esta prática como também com a venda deste medicamento nas ruas, o que se traduz num problema da saúde pública. Nesse sentido apela à intervenção urgente das autoridades judiciais.
Nas ruas fala-se da existência de uma rede de mulheres na ilha de Santiago que ajudam as grávidas a abortar, mediante o pagamento de três a cinco contos por interrupção. A população está revoltada com o fenómeno e por isso tem aumentado o número de denúncias destes casos às autoridades.