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FORMAÇÃO PROFISSIONAL: Consórcio faz avaliação muito positiva da agenda em Santiago

PAULO FERNANDES é Presidente da Câmara Municipal do Fundão e foi porta-voz do Consórcio português no domínio da Formação Profissional que entre segunda e quinta-feira, desta semana, cumpriu uma intensa agenda na ilha de Santiago, em parceria com a Câmara Municipal do Tarrafal. No final da missão, o Autarca fez uma avaliação muito positiva da agenda e estimou que o projeto tem tudo para avançar tão-logo.    

“Ficamos muito bem impressionados com o foco estratégico que neste momento a formação profissional e a qualificação tem para Cabo Verde nas suas diferentes áreas de intervenção”, sublinhou na curta entrevista ao site da Câmara Municipal

Como avalia esta missão de quatro dias a Cabo Verde?

PAULO FERNNDES: Foi uma visita extraordinariamente produtiva. Nós vínhamos com a esperança de encontrar apoio institucional para algo que considerávamos do interesse mútuo, por isso podia haver uma cooperação associada àquilo que é um desafio que é capacitar e qualificar mais jovens para a área da metalomecânica, nomeadamente no modelo do sistema de CNC. Temos uma carência enorme, temos a carência de 6 mil técnicos para esta área, por isso temos aqui uma oportunidade muito grande de empregabilidade e simultaneamente sensibilizar as estruturas que nos receberam para que esse projeto pudesse ser do interesse de Cabo Verde.

Nós vamos criar um sistema de bolsas e de mobilidade para jovens Cabo-verdianos a partir do 9.º ano que queira fazer o nível IV em Portugal, com estágio incorporado na nossa rede de empresas destes setores da metalomecânica, mas simultaneamente queremos investir num centro aqui em Cabo Verde onde toda a parceria com entidades como os próprios Municípios, tendo o Tarrafal como uma referência prioritária mas também o CERMI, o Governo, a Assembleia Nacional, o IEFP, a escola que visitamos no Tarrafal, o Centro de Formação de Variante…

Ficamos muito bem impressionados com o foco estratégico que neste momento a formação profissional e a qualificação tem para Cabo Verde nas suas diferentes áreas de intervenção.

Vamos agora trabalhar afincadamente para que este polo possa ter um primeiro projeto piloto, conectado com o sistema nacional público de ensino por que consideramos que é ali que faz mais sentido até para ser mais competitivo e para que o pré requisito do nível dos alunos seja mais adequado.

Se temos um projeto de capacitação e requalificação de recursos humanos na área concreta da metalomecânica de CNC, isso pode significar também uma terceira vertente do projeto que é as oportunidades que poderá haver para o investimento direto de empresas portuguesas em Cabo Verde, um País que reúne condições muitíssimo interessantes de estabilidade política, estabilidade económica e sendo uma sociedade muito jovem isto encerra uma oportunidade muito grande. Há aqui uma conexão que pode ser ganhadora para todas as partes.

O Consórcio sentiu que o projeto foi bem acolhido em Cabo Verde?

Muitíssimo e confesso que estamos encantados com a forma como fomos recebidos mas queria destacar o enorme profissionalismo como fomos recebidos, as estruturas nos receberam com uma enorme objetividade, isto significa que Cabo Verde tem uma estratégia definida, sabe os seus problemas e sabe o seu potencial e queria realçar também a cooperação entre as entidades nos diferentes níveis, entre a Administração Central, o Governo e as Autarquias: pareceu-nos que há aqui um clima de grande cooperação e complementaridade. Destacar também as relações com entidades privadas, associações e instituições que promovem a formação mas que encontram na Administração Pública e nas Autarquias um clima de grande cooperação tendo em vista os interesses de Cabo Verde, e isso deixa-nos muito tranquilos e por que há do lado de Cabo Verde ideias muito claras relativamente à necessidade de formação, da capacitação, a qualidade que ela deve ter e algumas das suas áreas definidas como estratégicas para Cabo Verde e abrindo à possibilidade de outras áreas.

Há um tempo para isto acontecer?

O tempo já começou, nós começamos há dois anos. Queremos que a primeira turma, o tal projeto piloto, em termos de oferta de bolsas, seja até o próximo Verão. Vamos andar muito rápido. Provavelmente entre fevereiro e março estaremos a propor o sistema de bolsas para ser analisado.

A turma piloto será em Cabo Verde ou em Portugal?

Em Portugal. Aqui o que vamos começar antes do próximo Verão é a formação de formadores.

Vamos avançar com o processo de escolha da escola onde se vai desenvolver o projeto. Vamos continuar a trabalhar o modelo de dupla certificação porque é essencial.

Queremos ter um centro de formação especializado na metalomecânica porque é a única forma de ele ter a qualidade e a constância de um acordo que vamos propor para uma década.

Este é um projeto muitíssimo acelerado, não é um projeto teórico e nem vimos manifestar intenções. Vimos com ideias muito claras e muito objetivas.

Fundão está geminado com Tarrafal, Marinha Grande também. Até que ponto estas relações facilitam ou ajudam a acelerar este projeto?

Se não houvesse aqui uma geminação muito forte seria praticamente impossível ou então demoraríamos meses a construí-la.

Tomamos a decisão de realizar a missão a Cabo Verde há cerca de 3 meses, e montamos a missão em dois meses, o que significa que esta geminação acelera, sim, o processo.

As geminações devem agora é avançar para um novo paradigma. Elas estavam mais para a amizade entre povos, muito conectadas com questões culturais e patrimoniais, mas queremos ir para outras facetas e uma delas é a agenda económica.

 

Há aqui um novo tempo das relações.

Eu acho que sim, acho que sim, e há aqui oportunidades num País marcado pela estabilidade, pela paz, mas também com um foco na estratégia em termos de desenvolvimento económico muito bem determinado. 

NOTA:
O Consórcio foi integrado por 10 pessoas, de entre elas 4 Presidentes de Câmara (Fundão, Vagos, Ancião e Penela), um Vereador (Soure), e representantes do Instituto Superior D. Dinis (Grupo Lusófona), Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, Centro Tecnológico da Indústria dos Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, Escola Profissional do Fundão, Escola Tecnológica e Profissional de Sicó.

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