Os pescadores e peixeiras do concelho do Tarrafal de Santiago estão em “situação precária” por causa da falta de uma máquina de gelo. Há quase cinco anos que é assim, pelo que o novo presidente da associação da classe, Delfim Spencer Freitas, considera “um absurdo” que o peixe do Tarrafal venha para a cidade da Praia, para voltar depois ser vendido ao interior de Santiago, e ser revendido a um preço superior num mercado com mais de 130 mil pessoas.
Eleito no passado mês de Fevereiro, o novo presidente da Associação de Pescadores e Peixeiras do Tarrafal de Santiago, Delfim Spencer Freitas, diz que tem muitos planos e projectos para colocar a classe num patamar mais elevado a nível nacional, mas esbarra em muitos obstáculos.
O primeiro é a falta de uma máquina de gelo, que há quase cinco anos faz com que os barcos de outras zonas venham apanhar peixe nos mares do Tarrafal, levarem-no para a cidade da Praia, voltando depois a um preço muito mais elevado para o interior de Santiago. “É um absurdo”, desabafa.
Outro problema é a falta de concretização dos projectos por parte das autoridades. “Há promessas, já assinamos protocolos, mas na prática ainda não vimos nada”, lamenta David Spencer, informando que já teve encontros com o Secretário de Estado e o Director Geral das Pescas. Contudo, considera "incrível" que em cinco meses ainda não não tenha conseguido chegar à fala com o presidente da Câmara Municipal do Tarrafal, José Pedro Soares.
Mas os lamentos não acabam por aqui. Freitas dá conta que os botes já não dão muita garantia para aventuras em mares mais largos, mas os bancos deixaram de dar créditos aos pescadores que queiram adquirir embarcações mais seguras . Por isso, entende que é preciso avançar para investimentos em grandes barcos de pesca neste concelho com mais de 18 mil pessoas. Também sugere a montagem de uma Escola de Formação Profissional para os pescadores e peixeiras aprenderem novas técnicas da pesca.
“Tarrafal sempre foi ponto de excelência para o desenvolvimento da pesca, mas infelizmente nos últimos tempos está a andar para trás. Santiago Norte é um mercado de mais de 130 mil habitantes. Temos todas as condições para andar para a frente. Mas para isso é preciso, em primeiro lugar, uma máquina de gelo, recuperar o cais de pesca, avançar para a formação profissional”, mostra.
Neste momento, o novo presidente da Associação de Pescadores e Peixeiras do Tarrafal de Santiago dá conta de um protocolo com a Direcção Geral das Pescas, Câmara Municipal do Tarrafal no valor de 1100 contos para recuperar a máquina de gelo, mas há muito tempo que tenta desbloquear o dinheiro nas Finanças. “Há muitos discursos, mas na prática as coisas são diferentes. As pessoas acabam por se desgastar com estas situações”, remata David Freitas, que ainda assim espera melhores dias para os homens e mulheres do mar do Tarrafal de Santiago.
RP